28 de dezembro de 2009

Natal: o que festejar

É véspera de Natal. São pouco mais das 15 horas do dia 24 de dezembro de 2008. Muitos estão aguardando o ônibus no terminal rodoviário de Anapólis-GO; estão voltando para “curtir” o feriado nacional com a família. Mas em um banco, na parte mais isolada do terminal, há um homem com uma pequena garrafa de “pinga” na mão e um cigarro na boca. Sua roupa não é uma das melhores; a bolsa também não.

O nome do homem? Paulo Roberto da Silva Pinto, 50 anos. Nascido na cidade do Rio de Janeiro, viveu boa parte da vida em vários lugares, até chegar em Tailândia (Pará), onde casou e teve três filhos. Saiu de casa há mais de um mês, após brigas familiares. “Fui tentar uma nova vida”, explica Paulo. Mas essa mudança pretendida não veio. Pelo contrário: dificuldades apareceram, destruindo os antigos sonhos e mostrando que seria bem mais difícil do que antes.

Ao contar sobre a família, não esconde a emoção quando lembra dos filhos e então, lágrimas escorrem no rosto. “É o maior bem que tenho; tudo que me dá força e vontade de voltar”, declara.

O hálito, ao falar, não é agradável, mas não tão grande quanto o sofrimento de passar o Natal longe dos filhos. Ele não pede esmola, pois acredita que enquanto tiver forças e saúde trabalhará. “Não sou mendigo, muito menos ladrão. Eu uso minhas mãos para conseguir o que quero”, revela.

Quando saiu de casa, não imaginava que a vida seria bem mais difícil; esquecia que apenas o sustento deixado aos filhos seria insuficiente. Paulo não pensava que a presença era muito mais importante que o dinheiro ou comida. “O pouco que deixei dava pra sustentar, fisicamente, os meninos, mas o carinho... não há como”, emociona-se.

Durante a conversa, Paulo mostra que conhece um pouco das Escrituras Sagradas. No entanto, isso não é suficiente para tirar a ideia de que não tem valor diante de Deus. “Eu não sou nada; como alguém se importaria comigo?”, questiona.

A conversa vai chegando ao fim, e o efeito da bebida é notado nas palavras de Paulo. Ele não aceita o pagamento de um lanche, mas “agradece pelos momento em que alguém o ouviu desabafar”. O homem já está cansado e não aguenta mais ficar sentado.“Deus abençoe a nós todos”, declara ao se despedir, deitando-se no banco.

O final dessa história? Ninguém sabe, voltei para São Luís e já faz um ano depois dessa conversa. Espero e oro para que ele tenha conseguido voltar pra casa. Mas assim como Paulo, milhares de pessoas passam o Natal da mesma forma. E quem se importa? Os shoppings centers estão lotados de pessoas que nem precisam de todas aquelas compras, mas fazem isso por "esporte".

E o "aniversariante"? Utopia. Quem é lembrado é uma pessoa que não há nem provas ou fé que se tenha exististido. E se nem o aniversariante é lembrado, quanto mais os outros convidados!

Mas, que "não seja assim entre vós. Que o maior seja como o menor", disse Jesus. "Cada um considere os outros superiores a si mesmo.Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas também para o que é dos outros. Que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, quem mesmo sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus..." (Filipenses 2. 3-6).

Além de nascer, Cristo que viver em nossos corações. E pra Ele viver, é preciso que morramos pra nós mesmos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe sugestões, exprima sua alegria, sua insatisfação, divulgue, comente! :D