27 de maio de 2009

O Possante


Era uma noite, mas não sei de qual dia. O pastor Getúlio tinha ido buscar seu carro em Tutóia, um Gol (1.6), que havia caído em uma pequena ponte naquela cidade. O estado do automóvel era triste: com a lataria toda amassada, o Possante, como é conhecido, possuía freio em apenas uma roda, estando sem para-brisas e faróis, além de o piso quase não existir. Não era muita coisa, mas vai dar de chegar - pensava o pastor. E o pior: ele tinha que sair pela noite.


Com um mecânico ao volante, o Possante deixa a cidade (Tutóia) onde tinha ficado após o acidente, rumo a Itapecuru-Mirim. Seu Roxinho, como é chamado por todos, é um experiente mecânico, que já está acostumado com a rotina dos trabalhos em sua oficina. Ele não gosta muito de sair da cidade, mas é o jeito, pois ele tem que fazer essa missão “quase impossível”.


O pastor entra meio assustado no carro: não era aquilo que ele tinha comprado, não naquele estado em que se encontrava o Possante. Mas sem muita cerimônia e reclamações, é preciso ir.


A estrada não possuía iluminação, além de haver pouca sinalização. Como não tinha faróis, foi preciso fazer um tipo de pisca-pisca para dar sinal de que havia um carro na pista: Getúlio pega dois celulares, e com as mãos estendidas pelas janelas, meio enrolado com o motorista, fica acenando com a luz dos aparelhos.


Já no meio da viagem, a cerca de 140 km/h, o pastor começa se preocupar, pois o carro estava em estado deplorável e o freio pegava apenas em uma roda! Mas a preocupação não era apenas nisso: Getúlio não tinha percebido, ainda, que o motorista usava óculos... e escuros!


- Seu Roxinho, por que o senhor está usando esses óculos escuros, se nós estamos em uma estrada sombria, a mais de cem por hora?!
- É porque eu sou cego de um olho, disse o mecânico.
Nessa hora, o pastor é tomado por um susto.
- Mas se o senhor é cego de um olho, por que então usa óculos? Pergunta o pastor, já tomado de apreensão.
- Eu enxergo apenas 20% com o outro olho.
O silêncio do pastor é rompido com a indagação:
- 20%? Não seria melhor tirar isso?
- Meu filho, imagine se um mosquito entra nesse olho?


Getúlio pede ao motorista que pare em uma oficina na cidade de Anapurus, para poder reparar os faróis do Possante. Já na oficina, o pastor fica preocupado, pois tem apenas 30 reais para percorrer mais de 200 km. Como ele ia pagar? Para sorte (ou não) de Getúlio, havia um irmão de uma igreja daquela localidade.


O pastor se apresenta e conta a situação para o irmãozinho.
- Meu irmão eu não tenho dinheiro para pagar a reparação.
- Não pastor, o senhor tem sim.
- Deus te abençoe...


O irmão olha para a cintura do pastor e vê um celular LG Chocolight.
- O senhor pode deixar esse celular como pagamento, refutou o irmão.


Getúlio olha para o celular que lhe custou quase quatrocentos reais, pensa... mas não tem escolha, pois ele precisa chegar em casa. Ao chegar à sua cidade, no outro dia, o pastor vai dar uma olhada no Possante. Mexe aqui, mexe ali e percebe que o conserto que custou o seu celular, nada mais era que a simples colocação dos fios dos faróis na bateria.

24 de maio de 2009

ABU em Itapecuru



A ABU esteve presente no último final de semana (16 e 17) de maio no município de Itapecuru-Mirim. Não, nós não estávamos fazendo um tour ou passeio. Não fomos àquele local com o intuito de conhecer um das cidades mais bem organizadas do interior. Nosso objetivo era apenas um: servir.


Após o TIFS (Treinamento Intensivo de Final de Semana) realizado no início de maio, com o tema “Ser[vo] é o bastante”, nada mais justo que colocar em prática tudo que aprendemos naqueles dois dias e, também, tudo que o Mestre Jesus tem nos ensinado.


No sábado, ainda em São Luís, começou o trabalho: todos em fileira transportando os alimentos e roupas para o ônibus. Agora, imagine essa situação quando se começa a chover?! Para o bem de todos não era forte, apenas um “sereninho” para acalmar o calor.


Ao chegar em Itapecuru e visitar as famílias desabrigadas, agora alojadas em colégios, todos levaram um choque, pois não estávamos acostumados com essa situação. Quando estávamos no ônibus (eu e Carlinhos) vestidos de palhaços para animar a garotada, e soubemos que elas ainda não tinham almoçado...foi entristecedor.


Mas buscamos força e alegria para poder fazer alguma coisa por aquelas crianças afetadas pelas cheias, que não estavam nem entendendo o que ocorrera. Fomo lá, e animamos (ou tentamos!) a criançada.


E ao ver as meninas da ABU (Anne, Jade, Janaiara, Jeannie, Kel, Priscila) carregando caixas, alimentos... é gratificante e animador! De fato, os abeuenses (ou abusados!) estão levando a sério o ide de Jesus.


O trabalho apenas começou. A obra é grande, os desafios também. Mas eu creio que cada um vai dar o melhor de si nesse projeto. E lembrem-se: “O poder está em vocês!”.