29 de junho de 2009

Não é razoável que deixemos a palavra e sirvamos às mesas

Talvez a grande dificuldade humana esteja em se preocupar com os outros. Estamos tão ocupados em buscar a concretização de nossos objetivos que não há tempo para sabermos como fulano está.

A procura pelo aperfeiçoamento, a dedicação em conseguir passar no vestibular ou concurso, a grande concorrência no mercado de trabalho e o interesse em realizar um sonho tão antigo são alguns dos nossos objetivos, o que, às vezes, pode até nos atrapalhar, deixando-nos decepcionados e estressados.

Não bastasse isso, a Igreja vive casos semelhantes. Os cargos, comissões e favores têm ganhado espaço no meio evangélico. Pessoas que se dizem cristãs buscam o seu próprio interesse, desviando-se assim, do que Paulo falou aos Filipenses (Fl 2.3,4).

Uns pensam que o simples fato de vestir-se bem, de ir ao templo todos os dias, de pertencer a uma família de origem evangélica ou, então, de ser “crente” de longas datas e possuir um cargo, pode lhe fazer melhor que os outros; que isso vai lhe dar mais “crédito” e privilégio diante de Deus.

Esquecem que o que agrada a Deus não é a boa aparência ou aquilo que uma pessoa faz. Não, o Criador nunca se deixou levar por isso. Fosse assim, não rejeitaria a Saul, ao dizer que o mais importante não é sacrificar, e sim obedecer.

O próprio Cristo nunca fizera nada para ser visto pelos homens. Pelo contrário, sempre dizia aos que eram curados que “não contasse nada a ninguém”. Em seus ensinamentos, em suas parábolas, o Mestre sempre falava que era preciso fazer as coisas pensando, simplesmente, nas pessoas que estão ao redor. Lavar os pés daquele que se diz amigo e pode me decepcionar; daquele que anda comigo só pelo que tenho e que pode me atrapalhar ou trair. Esse é o nosso desafio.

Termino esse pequeno texto com uma das partes mais lindas (e mais difíceis) da Bíblia:
“Nada façais por contenda ou por vanglória, mas tudo por humildade. Cada um considere os outros superiores a si mesmo. [...] De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, que mesmo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Pelo contrário: aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens [...] e obediente até a morte, sendo esta de cruz. Pelo que o Pai o exaltou acima de todos, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, na terra e debaixo da terra”. (Fl 2. 3-9)

12 de junho de 2009

Depois de algum tempo


Sem dúvida alguma, a ABU é o dos maiores agrupamentos de seres diversificados, com pessoas de diferentes temperamentos e gostos: tímidas, tranquilas, extrovertidas; assembleianos, batistas, congregacionais, presbiterianos, etc.; flamenguistas, vascaínos, fluminenses, corinthianos, palmeirenses e até jamaicanos!

Há quem goste de música clássica e MPB; outros “curtem” rock, heavy metal, hardecore. Existem, também, aqueles que gostam de funk, pagode e axé, enquanto que tem gente que “quebra umas pedras”. Há ainda, algumas pessoas que, simplesmente, são bastante ecléticas, ou seja, “curtem” um pouquinho de tudo – com moderação.

Logo após a viagem que fizemos à Pedreiras, pude entender melhor o que é o Corpo de Cristo. Desde os primeiros encontros que a ABU tem feito, tem havido uma integração e interação entre os seus componentes. Se não, vejamos.

A primeira reunião em massa foi a vigília realizada na casa das Bonnas. Lá, tivemos o nosso inicial contato mais próximo, se comparado às reuniões dos núcleos. Cantamos, oramos, aprendemos, brincamos. No início de maio, fizemos o TIFS (Treinamento Intensivo de Final de Semana), no qual os abuenses (ou abusados!) se conheceram ainda mais. Chegado o momento da prática dos estudos, viajamos a Itapecuru-Mirim, para auxiliar os desabrigados pelas enchentes. Outra experiência bastante proveitosa.

Mas, creio eu, que uma das maiores experiências que as pessoas que participaram de todas essas atividades foi vivida nessa última viagem, rumo à Pedreiras.

A disposição e o pensamento eram únicos entre todos os viajantes. No entanto, como diz Shakespeare, “depois de um certo tempo você aprende...”. Por passarmos pouco tempo juntos, é natural vermos as qualidades e características louváveis de certas pessoas. Agora quer saber até onde vai a amizade entre cada um? È só deixar o tempo passar.

Depois de um certo tempo percebemos que fulano não é apenas engraçado, brincalhão, alegre: ele é, também, implicante, chato pra que alguma coisa seja feita, e exagerado...

Começamos a enxergar as “esquisitices”, os erros, falhas e medos dos outros. E é justamente aí que Cristo é mostrado em cada um.

O desejo de Jesus nunca foi que os seus discípulos, bem como os atuais cristãos, fossem iguais em tudo o que fizerem. Na verdade, o erro começa aí, quando pensamos que Deus quis ou quer igualdade. “Eu neles, e Tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e o mundo conheça que Tu me enviaste...”. Cristo orou ao Pai pedindo unidade, não igualdade.

Você não precisa ser igual nas atitudes que o seu irmão; não precisa fazer tudo que os outros fazem, se você não quer ou não as pode fazer. Quando surgem as diferenças, sejam elas de doutrinas, tradições, escolhas, time ou operadoras, devemos deixar Cristo reinar; pedir graça e amor para suportarmos uns aos outros, como escreveu o apóstolo Paulo. Não devemos fugir dos conflitos ou mesmo ignorá-los: é preciso enfrentá-los – e resolvê-los.

Viver em unidade: o maior desafio de todos nós, mas o maior desejo de Deus.
Oh! Como é bom e maravilhoso é que os irmãos vivam em união!”

9 de junho de 2009

ABU em Pedreiras


Mais uma vez, a ABU saiu de São Luís rumo a uma cidade afetada pelas enchentes no Maranhão. Agora, Pedreiras foi o local escolhido para assistência aos desabrigados. A chegada na cidade banhada pelo rio Mearim foi tranqüila, por volta das 11h, no sábado. A recepção foi na Igreja Batista, onde os irmãos nos receberam calorosamente.

O grupo era formado por alguns que já haviam participado da primeira viagem a Itapecuru (Adailton, Carlinhos, Eduardo, Kél, Priscila,) e por outras pessoas: Emerson e Jô (Ceuma), Carol, Dafne, Janayara, Marcos e Pablo da UFMA, além de Isaías, Áurea e seu Luis. Esta caravana era liderada pelo casal de missionários da AME, Róbson e Aline, vindos de São Paulo.

Qual o sentido dessas pessoas terem saído de suas casas e irem a um lugar distante, onde a situação de vida é bem precária? Se procurarmos, humanamente falando, não vamos encontrar.

Mas quando olhamos para a situação daquelas pessoas - que tiveram não apenas suas casas destruídas, mas a dignidade e os sonhos arruinados – lembramos de tudo o que o nosso Mestre falou, e de como Ele viveu aqui na terra: servindo aos outros.

As águas do rio já baixaram, mas o sofrimento apenas começou. Famílias estão sendo expulsas dos abrigos, sem ter ao menos um lugar para ir. E quando chegamos aos colégios para entregar as cestas básicas, podemos ver o descaso do Estado em relação aos mesmos: falta de higiene nos quartos; banheiros sem a mínima estrutura, pessoas doentes sem assistência médica...

É chocante para nós que moramos na capital e não somos acostumados a conviver com o fato. Houve momentos, durante as visitas às famílias, em que os nossos corações ficaram partidos com as cenas vistas nos abrigos.

No entanto, diante de tanto descaso e sofrimento, o nosso trabalho teve resultados surpreendentes: os sorrisos das crianças ao receberem bonecas, carrinhos e bombons. Muitas destas não entendiam o que haviam acontecido com suas casas, outras estavam tristes pro tudo aquilo. Mas naquele momento, por um pequeno instante, tudo foi esquecido, graças a um simples brinquedo artesanal.

Em outro momento, o mais animador e gratificante resultado do trabalho do grupo não foi obtido devido às cestas básicas ou mesmo aos presentes doados às crianças. Uma senhora agradeceu emocionadamente, dizendo que a prefeitura e a defesa civil já fizeram algumas entregas de alimentos, mas não daquela forma: com abraços, carinho e uma palavra de conforto. Não existe uma recompensa maior do que esta.

Na nossa volta, forças do Mal quiseram nos atrapalhar com a quebra do ônibus. Talvez com o pensamento que íamos desanimar ou ficar desesperados. E, confiando no Senhor, o grupo aproveitou o tempo de espera do outro ônibus, se conhecendo ainda mais, solidificando uma amizade que já havia começado.