9 de abril de 2009

EURECA

Quem não conhece esta expressão do matemático Arquimedes (287-212 a.C.) ao se dar conta que existia o "empuxo"? Ou quem nunca ouviu falar em insight? Pois bem, já que o termo é bastante comum à maioria de nós, a necessidade de um exame mais acurado está dispensada. Alguém já disse: “idéias? Só a partir das coisas!”

Cada momento que avançamos tecnológica e politicamente, a palavra idéia recebe sempre enfoque extraordinário. Nas campanhas eleitorais ela (Idéia) parece ser arma dos mais estratégicos e ao mesmo tempo bomba nas mãos dos aventureiros. Já ouvi de tudo, desde candidato prometer fazer um metrô em São Luis (Ma) e o povo dizer “se fizer vai afundar a ilha”; até candidata que não conhecia a comunidade de Tauá-mirim, prometer acabar com a falta de transportes asfaltando a estrada até lá, mas sem saber que a dita Tauá-mirim é na verdade uma ilha. É por isso, que defendo: idéias? Só a partir das coisas!

Uma coisa que não podemos negar é que sempre aparecem novas idéias na política, religião, sociologia, mídia e economia. Todavia, acabam esbarrando nas velhas estruturas. Por exemplo, um prefeito chega todo empolgado no começo do mandato e não consegue fazer muito, pois a estrutura do legislativo não lhe é favorável já que tem a minoria. Novas idéias, velhas estruturas!

Na economia também acontece. Que tal a crise que está aterrorizando os mercados e fazendo as “bolsas” não suportarem o peso dos rombos nos bancos de investimentos e rebentarem a “alça”? As idéias boas, como as dos países emergentes, de se distribuir renda, investir em combustíveis não fósseis e pedir para os países mais ricos baixarem os impostos de importação sempre tendem a encontrar a velha estrutura do G8, que por sinal, a Rússia só faz parte porque tem bomba atômica e todo mundo “morre de medo de morrer”. Enquanto os países ricos criticavam o Brasil, dizendo que o Biodiesel iria fazer os agricultores deixarem de plantar arroz e feijão para plantarem mamona, esqueceram de questionar os bancos que eram considerados os mais seguros da via láctea. Ora, ora. Se não é o Estado para socorrer os Bancos privados, em poucos dias eles já estariam “privados” de existir. A velha estrutura frágil por trás da arrogância financeira.

O que dizer da velha estrutura eclesiástica que mantém vivo alguns oligopólios denominacionais e que para se auto-sustentarem necessitam repelir as idéias “quentinhas” saídas de “fornos super aquecidos de motivações? Quem nunca viu uma excelente idéia ser lançada no “mar do esquecimento eclesiástico” só porque não surgiu dos velhos da estrutura? Ou mesmo, uma idéia partir de um cérebro e condecorar com uma medalha o peito de outro? A velha estrutura eclesiástica é mais antiga e depravada do que possamos imaginar.

Basta parar um pouco para pensar, ler bons livros e concentrar-se no que está fazendo que logo ela aparece. A Idéia, seja ela boa ou má, é muito fácil de ser criada, o difícil mesmo é vencer as velhas estruturas que estão lá, só esperando surgir uma nova e brilhante idéia para combatê-la. “O problema com as boas idéias é que elas acabam dando muito trabalho” (Peter F. Drucker)

Jesus acertou em cheio o cerne da questão, aliás, ele sempre fez e faz isso. Concentrava-se no essencial e tratava com indiferença o que fosse trivial. “Vinho novo se coloca em reservatório novo” (Lucas 5.35), isso mesmo. Foi assim que Jesus falou, ou seja, a melhor idéia nova é mudar as estruturas antigas e defasadas. Está na moda a idéia da “(des) construção” ou (des) estruturação no campo da historiografia. Funciona assim, antes se destruíam estruturas para que novas fossem construídas, agora as velhas estruturas são desconstruídas e depois construídas novas estruturas. O segredo está no fato de se ela é desconstruída, alguns materiais poderão ser aproveitados. Uma coisa é certa. A estrutura que está posta não é suficiente em nenhum campo até aqui apresentado.

Mas, e então o que fazer agora? Parar de produzir novas idéias já que as velhas estruturas demoram ser derrubadas, ou será se o caminho é reafirmar as velhas estruturas usando a frase: se não consegue vencer, junte-se a ela? Esta frase é lema da velha estrutura. Agora me recordo de uma frase de impacto: “De nada valem as idéias sem pessoas que possam pô-las em prática" (Karl Marx). Jesus falou que seria melhor guardar o vinho novo em reservatório novo, pois o vinho novo é muitíssimo forte e se derramaria se o mesmo fosse colocado em reservatório velho, ao passo que usando o vinho novo em reservatório novo, ambos seriam conservados.

Sobre novas idéias posso afirmar por experiência própria que é sempre bom tê-las, excelente pô-las em prática, porém o que há de melhor é quando elas surgem do próprio conselho de Deus. Quando são formuladas em comunhão e inspiração divinas. Quando são apresentadas no tempo certo e com a medida de humildade correta de quem a sugere. Idéias. Quando vêm de Deus, temos a inteira liberdade de gritarmos: Eureca, Eureca!!!!! Encontrei o que Deus quer comigo e através de mim, aprendi a experimentar a vitalidade da presença de Deus. Sentir a verdadeira força do empuxo quando achava que estava prestes a afundar. Ah, com essa força que me empurra para cima, que não me deixa mergulhar em minhas próprias desventuras, ganho força que não há estrutura que poderá resistir-me. A nova e definitiva estrutura em breve aparecerá em sua plenitude. Enquanto não vem, fico a esperar e dizer Maranata, que idéia boa de Deus!



FERNANDO COSTA
Assessor ABUB/Norte
SÃO LUIS, MA

Um comentário:

  1. Realmente, existem alguns "odres velhos eclesiásticos" precisando de uma substituição urgente! Excelente ensaio.

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