16 de novembro de 2009

É preciso perder





Nenhum time de futebol, muito menos o torcedor fanático, deseja ser rebaixado da elite dos torneios. A história, tradição, títulos e conquistas fazem com que essa ideia fique bem distante do pensamento de todos os amantes do futebol.

No entanto, a “queda” pode trazer benefícios e honra aos times e torcedores. Tomemos o exemplo do Palmeiras (caiu em 2002, mas subiu em 2004), Corinthians (desceu em 2007, voltou em 2009) e o recente campeão da série B do campeonato Brasileiro: o Vasco da Gama, que caiu em 2008, mas já volta a disputar a série A em 2010.

A vida cristã é um pouco parecida com esse assunto. Como qualquer torcedor (que o diga os flamenguistas), os cristãos querem sempre vencer! É preciso superar os desafios, problemas e não deixar que isso venha vencer, mas derrotar os “inimigos” e receber os troféus proporcionados aos vencedores. Não há espaço para perdedores!

Em uma sociedade que busca a qualquer preço os resultados instantâneos e a realização dos projetos e sonhos, a Igreja foge de sua responsabilidade e objetivo: a cruz de Cristo. Em muitos púlpitos (que já não são mais púlpitos!) o tema das mensagens são como o desejo do torcedor, que não vê os benefícios futuros da possível queda, mas espera somente vencer!
 
Cristo não viveu, muito menos ensinou, que a vida tem que ser de vitória em vitória, de ganhos e benefícios; Ele ensinou muito mais que isso. Disse que é preciso “renunciar a si mesmo, tomar a sua cruz (problema) a cada dia e, só assim, seguir a Ele”. Ensinou que devemos buscar em primeiro lugar a vontade do Pai, para que não aconteça da forma como queremos, mas “que seja feita a Tua vontade”.

O Sermão do Monte, bem como o lava-pés, o Getsêmane e o Calvário já não são tão atraentes para muitas pessoas. Exemplos como o do jovem rico,de Zaqueu (embora muitos dizem que querem ser subir “como Zaqueu...”) e o “menor no Reino” deixaram de ser citados, e quando alguém fala sobre os tais é para se referir às pessoas do “mundo”.

Nunca na história desse país (como diz o nosso presidente Lula), o Antigo Testamento tem sido tanto usado pelos evangélicos. Tradições israelitas do tempo de Moisés, Samuel e essa galerinha da vanguarda têm sido “reaproveitadas”, principalmente no que diz respeito às conquistas e “benças”: sete dias de jejum para obter a vitória, água abençoada, “profetize a vitória”, “toque na arca ou no altar”, “você foi ungido para vencer e herdar a terra”, “toda a tua descendência será abençoada”, vou lutar com Deus, pois preciso de uma benção e não vou desistir...

No entanto, esquecemos de lembrar outros momentos do Antigo Testamento: quem será capaz de entregar seu filho a Deus como Abraão fizera? Ou mesmo de se machucar ao “lutar” com Deus? Ou até de deixar a casa e os estudos para morar no deserto, longe dos amigos, da vida boa e da família, como fizera Moisés? De ser humilhado como fora José, Davi e tantos heróis da fé?

Pedro, Paulo, Barnabé ou Tiago não chamam tanta atenção para as pessoas de hoje. Para que citar alguém que, mesmo andando com Jesus, vivia errando, negou ao Mestre e depois morreu numa cruz (de cabeça pra baixo)?! Como se espelhar naquele que perseguiu a Igreja e depois viveu de forma “miserável”, sem usar os estudos, títulos, dinheiro ou mesmo a intimidade com Deus, para andar de casa em casa, cidades e países, sendo apedrejado, açoitado e preso, com um final nada feliz, morrendo sozinho?!

Em meio ao sistema maligno que domina o mundo e às ondas “cristãs” que surgem a cada segundo, fazendo forte apelo à não-renúncia e à prosperidade, à libertinagem, ao fim da família e ao homossexualismo, Deus procura os fiéis (Sl 103.6), os verdadeiros adoradores, capazes de deixarem de viver para que o poder e a graça de Cristo reinem e vivam nesses corpos mortais.

2 comentários:

  1. Uma pergunta: Por que vocês não assinam as postagens com os nomes da pessoas que escrevem no blog ?

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  2. Algumas postagens estão assinadas. Aquelas que não estão assinadas foram feitas por mim, Eduardo Oliveira, 1º Secretário da ABU em São Luís

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