25 de agosto de 2009

Janelas

Elas são sempre indispensáveis. Todo mundo tem uma que um dia desses foi muito útil. Numa casa, uma janela é sinônimo de ventilação, luminosidade e ao mesmo tempo de preocupação, por isso as grades de ferro são complementos necessários. Alguns as chamam de Windows!

Aqui em São Luis(MA), onde possuímos o maior conjunto arquitetônico português de casarões preservados no Brasil, as janelas são uma decoração à parte. Com arcos, esquadrias perfeitas, com madeira e vidro, fazem um contraste colossal com os azulejos ao receberem a incidência dos raios solares.

Se já é lindo olhar pra janelas bonitas, como não será olhar de dentro da casa por elas? Certo que nem toda vista é agradável. Por exemplo, na casa onde morava antes, a janela do meu quarto ficava próximo ao muro, e olhar o céu só se fosse numa pequena fresta acima do muro. Na atual, vejo mamoeiro, mangueira e coqueiros, além do belo nascer do escaldante sol. A vista é bonita, mas só consigo entrever pelos espaços que a grade de ferro não ocupa. Precisamos ver que tipos de grades estão tentando diminuir nossa visão. E ao mesmo tempo, que insegurança foi chumbada em nossos pensamentos e relacionamentos.

Não importa onde as janelas estão. Seja nos espelhados edifícios da Faria Lima ou da Paulista (SP), seja nas cinzentas janelas da Esplanada dos Ministérios (Brasília), ou a janela de uma lancha que conduz viajantes de cidades ribeirinhas, ou ainda janelas de um veículo. Elas têm dupla função: comunicação e proteção.

Podem servir muito bem em comunicar os de dentro com os de fora e ao mesmo tempo permitir que os de fora pareçam bobos ao olharem para uma janela espelhada, sem saber que os que estão do lado de dentro estão sorrindo do seu comportamento. Elas estão por todos os lugares da cidade, são pontos turísticos, podem servir pra alguém espreitar como anda a vizinhança ou ser palco de uma excelente conversa entre amigos. Ah, são muitas as utilidades delas!

Lembro-me que há pouco tempo estive ouvindo Paul Freston, um dos mais reconhecidos sociólogos cristãos da América Latina. Estive alguns dias saboreando das exposições bíblicas de Romanos pelo Paul. Mas tem uma analogia que não saiu até agora da minha cuca. Freston falou sobre dois tipos de liderança. Um tipo é comparado a uma “Janela opaca”, daquelas que não tem graça alguma de se ver, do tipo que não chama atenção, tanto pelo que obscurece de dentro pra fora, como pelo que não permite que seja visto por dentro.

Relaciono isso a uma questão de Justiça, Equidade e Verdade. Certamente você concorda que está faltando muito dessas características em boa parte da liderança cristã que conhecemos. “Por isso a justiça está longe de nós, e a retidão não nos alcança. Procuramos, mas tudo são trevas; buscamos claridade, mas andamos em sombras densas...ao meio-dia tropeçamos como se fosse noite; entre os fortes somos como os mortos”(Is 59.9,10 NVI). Assim como uma janela opaca obscurece ambos os lados, um líder ou até mesmo qualquer um cristão precisa ser comparado ao outro tipo de janela, às transparentes.

Líderes transparentes são aqueles que permitem serem vistos de fora pra dentro, como pessoas normais ou mesmo extraordinárias, em simplicidade e caráter aprovado. Pessoas “transparentes” são como janelas perante lindas paisagens: podem ser instrumentos que possibilitem a luminosidade fazer efeito.

Qual é a graça de se ter uma janela que não seja aberta diariamente? E o que dizer daquelas que por insegurança acabaram dando lugar a tijolos? Poderíamos parafrasear um texto bíblico muito conhecido: “As janelas são muitas, mas as transparentes são poucas, rogai ao Senhor que tire a opacidade e transforme-as em transparentes”.

Resgato o velho Isaías: “Aí sim, você clamará ao Senhor, e ele responderá; você gritará por socorro, e ele dirá: Aqui estou. Se você eliminar do seu meio o jugo opressor, o dedo acusador e a falsidade do falar, se com renúncia própria você beneficiar os famintos e satisfizer o anseio dos aflitos, então a sua luz despontará nas trevas, e a sua noite será como o meio dia...Você será como um jardim bem regado, como uma fonte cujas águas nunca faltam”(Is 58.9-11 NVI).

Quer um conselho? Passe a olhar as janelas de forma diferente a partir de hoje. Procure comparar o grau de transparência entre elas e não se esqueça que há dois tipos de janelas, também de líderes e ao mesmo tempo de cristãos. Ou somos opacos ou somos transparentes! E como diria o Chapelin: o final é você quem decide!



FERNANDO COSTA
Assessor da ABUB na Região Norte

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